17 janeiro, 2012

Infertilidade

Denomina-se infertilidade a dificuldade de um casal conseguir uma gravidez após um ano de tentativas sem uso de métodos anticoncepcionais. Estima-se que de 10-15% do casais apresentem alguma forma de infertilidade, onde a divisão entre os sexos é equivalente, cerca de 40% de causas masculinas, 40% de causas femininas e em 20% das vezes os dois parceiros apresentam o problema.

Ao pensar em gerar um filho, serão necessários 50% de contribuição da mãe e 50% do pai. A somatória desse óvulo com o espermatozoide vai determinar a formação do bebê, quanto mais equilibrados os dois estiverem, maiores as chances de formar uma criança saudável, mas a constatação de que somos feitos de nutrientes obtidos através da ingestão dos alimentos e, que esses nutrientes executam todas as funções do nosso organismo, muitas vezes não é lembrada. O estado nutricional é determinante para nosso bem-estar e qualidade de vida, assim como para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, podendo influenciar, inclusive, na capacidade reprodutiva. O conhecimento da ação dos nutrientes, interações, sinergias e antagonismos deve ser a base para o preparo e formação de uma nova vida.
Os homens são inférteis quando seus espermatozoides são incapazes de fertilizar os óvulos, mas a infertilidade masculina não consiste em uma doença, e sim em uma síndrome que resulta de desordens adquiridas ou congênitas; um organismo desequilibrado nutricionalmente pode não ser estéril, porém pode ser “subfértil” e reduzir as suas chances de fertilização.
Embora existam nutrientes que são diretamente relacionados com fertilidade, como zinco, vitaminas do complexo B, selênio, vitamina E, vitamina A, colesterol, magnésio, ômega-3, devemos lembrar que os nutrientes só agem em conjunto e a carência ou excesso de qualquer nutriente irá interferir na ação dos outros, desequilibrando suas funções.
A carência dos ácidos graxos essenciais, principalmente ômega-3, comprovadamente tem uma relação direta com desequilíbrios hormonais. Uma das ações fundamentais do ômega-3 é a melhora da ação da insulina, esta pode tanto comprometer a fertilidade masculina como feminina, já que o aumento da insulina no sangue pode alterar a expressão genética dos hormônios, podendo desencadear alterações na liberação da testosterona e outros andrógenos. Outros nutrientes com função antioxidante também podem melhorar a fertilidade masculina, como a vitamina E, C e carotenoides podem manter a integridade genética das células dos espermatozoides, o selênio e vitamina E melhoram a motilidade e a morfologia destes espermatozoide. A vitamina C também é importante para a qualidade do sêmen e para as funções reprodutivas juntamente da vitamina D, além disso, o zinco tem importante papel no desenvolvimento testicular normal e na espermatogênese.

Já o excesso de café, álcool, aditivos alimentares, poluentes químicos, tabaco, metais tóxicos podem interferir de forma negativa em todo processo de fertilidade do homem e mulher, assim como na saúde do bebê. Alguns medicamentos e a utilização de drogas podem afetar a função testicular diretamente ou suprimir a secreção de gonadotrofinas (LH – hormônio luteinizante, FSH – hormônio estimulador do folículo) gerando deficiência de androgênio ou parada da espermatogênese.
No que diz respeito à alimentação, a individualidade de cada um deve ser analisada e respeitada, porém, o básico serve para todos, uma alimentação natural (sem excessos de alimentos processados), fracionada ao longo do dia, variada em alimentos frescos como frutas e vegetais, com presença de cereais e sementes integrais, gorduras de boa qualidade como os ômegas, redução de alimentos ricos em gorduras trans e saturadas, ter boa hidratação ao longo do dia auxiliará a ter o equilíbrio nutricional que o corpo precisa.
A análise dos alimentos que possuem uma dificuldade maior para serem digeridos, como os laticínios, produtos que contenham glúten e soja deve ser levada em consideração, uma vez que alimentos de dificuldade digestiva diminuirão a capacidade do intestino absorver os nutrientes da dieta e facilitarão um processo inflamatório crônico do organismo, um dos fatores que leva a resistência a insulina e alteração hormonal.


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